sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Forte


Você não pode se confessar fraco. Nunca. Você briga e argumenta e discute e consegue. Você fere e tenta não se deixar ferir. Você protege quem ama, protege a própria pele, protege quem até quem nem conhece. Você parte e toma partido, você defende suas causas e tenta não comprar prisioneiros. Você prende o choro. [Ou você chora quando ninguém vê?]. Você aguenta consequências, você mente que tudo vai ficar bem. Você escolhe, separa, perde e corta, não sem dor, até as pessoas de dentro de si.

Você batalha e luta e consegue e falha e tenta de novo. E então você se acostuma. Você se acostuma a ser forte. Você acha que sua armadura é a única opção. Não é. É prisão. Ou antes esconderijo. Dentro da armadura, debaixo do aço escovado, do ferro no fogo dobrado, da carne que sustenta seu corpo, está só uma criança. Você.

E é abraço. Às vezes é abraço o que você quer. É abraço o que você precisa. Mas você não sabe pedir. Você desaprendeu. Ou porque ouviu que abraço não se pede, ou porque pensa que pedir é fraqueza. E você precisa ser forte. Você é forte.

Você não precisa de nada. Muito menos de abraço.
Mesmo que sem ele você fique assim, aos pedaços.

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