segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pasárgada

É recorrente essa sensação. Tudo aqui me sufoca, por isso essa pressão no peito e nas pálpebras. Escrevo como se organizasse letras debaixo d’água. E vivo sem ar. Metaforicamente falando. Seria minha cidade rarefeita? Ou rarefeita é minha alma?

Não sei. Sei que ouvi o chamado de outras luzes. De uma cidade com pôr do sol nos montes. Uma cidade com mirante, construções históricas, águas no ar e uma rua que termina em penhasco. Lá as árvores crescem mais do que aqui e os vizinhos têm a delicadeza de não saberem meu nome.

É aos poucos que eu vou conseguindo aparar raízes, cortar amarras, desfazer laços. É com paciência – demais – que vou me desprendendo por completo, fio por fio. Enquanto isso os chamados soam. Mais fortes, mais definitivos, mais completos a cada dia em que minha voz não é escutada por ti.

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