sexta-feira, 26 de junho de 2009

O Bruxo do contestado

Eu não pensava em nada, apenas olhava meus cabelos caindo sobre o colo. O barbeiro antigo travava assuntos de morte com o velho sentado à espera. Nenhum de nós viu de onde o terceiro velho veio.
Ele riu na porta e a risada puxou meus olhos. Sem os óculos não o via bem, mas ele me encarava pelo espelho. Ele era, para mim, um borrão desfocado. A roupa escura, o chapéu negro e a pele da cor de nossa terra, parda, vermelha, bem podia ser feito de barro.
O fígaro mandou que entrasse, sentasse e esperasse um pouco. Era só o tempo de terminar o rapaz, referia-se a mim.
Ele não entrou, não ainda. Riu de novo e disse assim: “Rapaz? Mas ele é mais velho do que nós três juntos”. Ele deu sua terceira gargalhada de arremedo sinistro. Os dois outros velhos não entenderam, eu apenas temi entender e permaneci petrificado.

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