segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vinho tinto na renda branca

"Come break me down
Bury me, bury me"

Se eu chorar te comove, então leia que estou chorando.
Eu queria aqui não ser exagerado, hiperbólico e todas estas coisas mais a que estamos tão bem habituados. Tu sabes que tudo em mim é forte, é quente, é ao máximo aquilo que pode ser. Então, mesmo que em face de menor tristeza, eu posso muito bem dizer que destes olhos amendoados brotam lágrimas de sangue. É, muito reticente ao Romantismo, eu sei. Mas sou romântico, e realista, e surreal também.
Fato é que, dentre estes exageros (e interprete tudo isso extremado), eu me mataria se tivesse uma banheira. Porque agüentar deixou de ser opção quando eu me deixei levar pela vida. Eu preciso descer da estação, trocar de trem, encerrar a viagem ou o que quer que seja.
Sem preocupações. Sabes melhor do que eu que minhas ânsias suicidas são meramente poéticas, que minha vontade de morrer é metafórica. Embora a banheira fosse uma tentação, se eu a tivesse...
Li que o pulso tem poucos nervos (meu problema sempre foi com a dor, não com a morte). Li que a banheira cheia de água quente relaxa ainda mais os músculos e facilita o escoamento do sangue.
A água tornando-se rubra (é minha cor!), meu corpo tornando-se branco (gosto do contraste)...
Fato é que nem para matar eu tenho o ódio suficiente, a abstinação necessária de acabar de vez. A vontade real me falta e tu sabes disso.
Se a morte fosse minha esposa, esconderia como amante a vida. Embora não ame nenhuma delas, o que é relativamente cômico.
E o que nos resta quando se chega a este ponto? Responda! Quando não se quer mais chegar a lugar algum e nem se tem a coragem de saltar do trem em movimento?
Aha. Tu também não sabes, não é mesmo?
Se nem tu sabes, onde vou achar a esperança que me é negada?
Quanto a mim, ora, não te preocupes. Não feches as janelas, nem escondas as lâminas e as facas. O suicídio é um crime passional demais para mim, que ando tão frio e analítico. Este foi só um pensamento ruim de quem não é verdadeiramente triste, mas está cansado de tanto não ser feliz.



Why can't I fly?

3 comentários:

  1. Fingir que sabe voar deve ser gostoso também. Mais rápido. Acho que não chega a sentir dor.

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  2. texto forte... aliás como tudo que eu li por aqui.
    quando entrei achei que ia cansar de ler quando vi as muitas palavras na tela, mas acho que essas mesmas palavras (depois de lidas) me prenderam por aqui.

    espero que os arrepios não tenham sido interpretados de forma errada.

    até ;)

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  3. Barabaridade que isso é poeticamente lindo demais: "Se a morte fosse minha esposa, esconderia como amante a vida"! Vc já tá no meu blog!!!

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