sábado, 8 de dezembro de 2007

Ayer

Clarissa,
Escrevo porque tenho saudade. Sinto falta do tempo em que teu nome era simples, Violeta. Aqueles dias em que as tardes de ler cartas eram mais brinquedo e fantasia. Hoje o baralho é cheio de corvos a me sussurrar maus presságios. Brincar com as alminhas já não é a mesma coisa sem você. Acho que de mim elas não gostam, não sei. Há qualquer coisa de seriedade no ar que me repulsa. Eu queria de volta tudo aquilo que o tempo nos roubou. Eu preciso, Clarissa, ter de volta a nossa inoscência.
Mas não posso.
Estou perdido em um labirinto e não sei como voltar para casa. Você, Clarissa, conhece o caminho? Ah, fomos tanto mais e não sabíamos. Hoje nos resta aquele espelho descascado que já não reflete quem somos. Busco em outras coisas os caminhos do teu riso, mas encontro sempre tua testa vincada a declarar-me perdedor de tua glória. Você percebe que nunca mais voamos? Eu também...
Voar me faz falta. Tanto quanto virar sombra e fazer poções de ervas roxas.
Mas já não há tempo, não há sabedoria, magia já não há.
E agora, Clarissa?

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